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Written by 14:20 Artigo, Inteligência Artificial, Mercado digital, Mercado Tecnológico

Inteligência artificial e empregabilidade: habilidades humanas que resistem à automação

Desde o início da Revolução Industrial, tem havido temores de que máquinas, desde teares mecanizados até microchips, possam tomar os empregos dos seres humanos. No entanto, na maioria das vezes, os humanos conseguiram se sobressair.

No entanto, agora estamos testemunhando a onipresença da inteligência artificial no horizonte. Especialistas afirmam que essa ameaça está se tornando realidade e que os robôs estão realmente chegando para assumir parte dos empregos humanos.

De acordo com um relatório do grupo financeiro Goldman Sachs, publicado em 2023, estima-se que a inteligência artificial capaz de gerar conteúdo possa realizar um quarto de todo o trabalho atualmente feito por seres humanos. O relatório prevê que 300 milhões de empregos possam ser perdidos para a automação em toda a União Europeia e nos Estados Unidos.

As consequências podem ser desastrosas, como destaca Martin Ford, autor do livro “Rule of the Robots: How Artificial Intelligence Will Transform Everything” (“A regra dos robôs: como a inteligência artificial irá transformar tudo”, em tradução livre).

Ele afirma: “Não é algo que pode acontecer apenas individualmente, pode ser bastante sistêmico. Pode acontecer com muitas pessoas, talvez subitamente, talvez com todos ao mesmo tempo. E isso traz consequências não apenas para esses indivíduos, mas para toda a economia.”

Felizmente, nem todas as notícias são ruins. Os especialistas fazem uma ressalva: ainda há coisas que a inteligência artificial não pode fazer, tarefas que envolvem qualidades claramente humanas, como inteligência emocional e pensamento criativo.

Por isso, mudar para funções que se baseiam nessas habilidades pode ajudar a reduzir as chances de ser substituído pela inteligência artificial.

Segundo Ford, existem três categorias gerais que provavelmente estarão relativamente protegidas no futuro próximo. A primeira é a dos empregos genuinamente criativos, nos quais se está criando novas ideias e construindo algo novo. No entanto, isso não significa que todos os empregos considerados “criativos” estejam seguros. Algoritmos básicos já podem orientar robôs na análise de milhões de imagens, permitindo que a inteligência artificial domine instantaneamente a estética, o que pode levar ao desaparecimento de empregos como o de design gráfico.

A segunda categoria protegida, de acordo com Ford, é a dos empregos que exigem relações interpessoais sofisticadas, como enfermeiros, consultores comerciais e jornalistas investigativos. Esses empregos requerem uma compreensão profunda das pessoas, e Ford acredita que levará muito tempo para que a inteligência artificial seja capaz de interagir de maneira a estabelecer relacionamentos verdadeiros.

A terceira categoria segura, segundo Ford, inclui empregos que exigem alta mobilidade, agilidade e capacidade de solução de problemas em ambientes imprevisíveis. Muitos empregos no setor de serviços, como eletricistas, encanadores e soldadores, se enquadram nessa classificação. Esses tipos de trabalho lidam com situações novas o tempo todo, tornando-os mais difíceis de serem automatizados.

No entanto, mesmo os empregos nessas categorias provavelmente não estão totalmente protegidos contra a ascensão da inteligência artificial. A professora de economia trabalhista Joanne Song McLaughlin, da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, argumenta que a maioria dos empregos, independentemente do setor, tem aspectos que provavelmente serão automatizados pela tecnologia.

Ela afirma que, embora não haja uma ameaça imediata aos empregos em muitos casos, as tarefas provavelmente mudarão. Os empregos humanos se concentrarão cada vez mais nas habilidades interpessoais. Por exemplo, a inteligência artificial pode detectar o câncer com mais precisão do que os seres humanos, mas ainda assim a maioria das pessoas vai querer um médico de verdade para informá-las. Portanto, os médicos provavelmente usarão essa nova tecnologia, mas não serão completamente substituídos por ela.

McLaughlin destaca que essa dinâmica se aplica a quase todos os empregos e, portanto, desenvolver habilidades humanas distintas pode ajudar as pessoas a aprender a trabalhar em parceria com a inteligência artificial. Ela sugere que as pessoas considerem que tipo de tarefas em seus trabalhos podem ser substituídas ou melhoradas pela inteligência artificial e quais são suas habilidades complementares.

Um exemplo que ela menciona são os caixas bancários. Antes, eles precisavam contar dinheiro com precisão, mas essa tarefa foi automatizada. No entanto, ainda há lugar para caixas bancários, que agora se concentram em criar relacionamentos com os clientes e apresentar novos produtos. As habilidades sociais se tornaram mais importantes.

É importante observar que um alto nível de escolaridade ou um cargo com alto salário não são garantias contra a chegada da inteligência artificial. Os profissionais com formação avançada podem estar mais ameaçados do que aqueles com menos formação. Por exemplo, as funções administrativas de escritório estão mais ameaçadas do que o trabalho de um motorista da Uber, uma vez que ainda não temos carros autônomos amplamente disponíveis, enquanto a inteligência artificial já é capaz de escrever relatórios.

Em resumo, procurar empregos em ambientes dinâmicos e versáteis, que envolvam tarefas imprevisíveis, é uma estratégia para evitar a substituição por inteligência artificial. No entanto, mesmo as profissões que se enquadram nessas categorias não estão totalmente imunes às mudanças trazidas pela automação.

Dessa forma, é necessário que as pessoas se preparem para o futuro do trabalho, desenvolvendo habilidades complementares à inteligência artificial. Isso inclui aprimorar habilidades interpessoais, como empatia, colaboração e comunicação efetiva, que são difíceis de serem replicadas por máquinas.

Além disso, é essencial buscar constantemente o aprendizado e a atualização profissional. À medida que a tecnologia avança, novas demandas surgem, e é importante se manter atualizado e adaptável a essas mudanças. A capacidade de aprender rapidamente e se adaptar a novas tecnologias e ferramentas será uma vantagem significativa no mercado de trabalho.

Outro aspecto crucial é a criatividade e a capacidade de pensar de forma inovadora. Enquanto a inteligência artificial pode executar tarefas previsíveis e repetitivas, a capacidade humana de pensar fora da caixa e gerar novas ideias é altamente valorizada. Profissões que envolvem criatividade, como design, arte, escrita e pesquisa científica, têm uma maior probabilidade de resistir à automação.

É importante também estar disposto a trabalhar em colaboração com a tecnologia. Em vez de ver a inteligência artificial como uma ameaça, é possível aproveitar suas capacidades para melhorar e potencializar o trabalho humano. Ao utilizar a tecnologia como uma ferramenta complementar, é possível aumentar a eficiência e a qualidade das tarefas realizadas.

Por fim, é fundamental que governos, empresas e instituições de ensino atuem de forma proativa para enfrentar os desafios trazidos pela automação e inteligência artificial. Isso inclui o desenvolvimento de políticas e programas de treinamento para apoiar a transição dos trabalhadores para novas áreas de atuação, bem como o investimento em educação e capacitação em habilidades digitais e emocionais.

Em suma, embora a inteligência artificial represente uma ameaça para alguns empregos, também traz oportunidades de transformação e crescimento. Ao se adaptar, desenvolver habilidades complementares e abraçar a colaboração com a tecnologia, é possível enfrentar os desafios do futuro do trabalho e criar uma sociedade mais inovadora.

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